terça-feira, 4 de setembro de 2012

.paixonite.



Ele se mudara pra terra dos sentidos, o tempo tinha adormecido sensações, alterado gostos e cheiros...Se jogar de braços abertos no abismo da paixão tinha ficado no passado. Ele tinha um passado povoado de amores sem fim, de perdas, ilusões e crescimento.Todos os caminhos que ele escolheu pro amor só o levavam a esquina do desamor, esse sim era pra sempre, a dor mesmo superada havia ficado estampada em  sua alma, servindo como um cabresto as asas do sentir.


Um dia ele prometeu a sí mesmo que nunca mais iria abrir seu coração a ponto de ser ferido, ele que já havia sido ferido de morte sangrenta muitas vezes lacrou o pulsar dos sentidos e jogou sua única chave fora, jogou pra longe, perdido no sempre. Ele olhava pra trás e ria do quanto tinha sido tolo, olhava pra frente, fechava os olhos e novamente sentia... Sentia o flutuar do corpo e segurava nas asas das borboletas que voavam em seu estômago. Adolescia com palavras e brilho nos olhos e gargalhava debruçado na janela sentindo o cheiro da lua, sua antiga parceira de tantas noites e lágrimas.

Era muito cedo pra ele estar pensando em tudo isso, já não havia tempo pra tanto sentir,  a primavera não tinha chegado e o seu coração continuava impenetrável. Algo tinha fugido ao controle, alguém parecia ter encontrado a chave, o som, o toque, o caminho... Desconcertado ele corria pra longe e tentava esconder a vermelhidão de sua face e o suar de suas mãos, afinal o melhor da paixão é que ela dá e passa e o sentir é realmente algo do sentiDOR.



Ele fugindo da paixão como o diabo foge da cruz! Maurício Spinelli

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

.de volta a estrada.



Ele tinha passado muito tempo sem saber o que dizer e foi percebendo com os passar dos dias que o tempo era muito curto pra tanto. Respirar, sentir, fazer, ser, viver... escrever  havia se tornado uma perda de tempo, assim como dormir, ou sofrer de amor.

Foi garimpando os dias, costurando as horas e lutando por tudo aquilo que ele havia se prometido na anti-sala do centro cirurgico, ele sentia o peso da vida e o vazio da morte, sentia sabores embora algumas sensações tivessem ficado pra trás, o encalacrar de algumas dores e lembranças tinha tornado algumas áreas do sentir completamente dormentes.

Ele fechou os olhos, empunhou sua espada e lutou, lutou e lutou... a vitória parecia distante, mas ele cumpriu sua tarefa, recebeu no mundo o Pequeno Principe, comemorou a vida com os que comungavam desse amor e abriu os caminhos pra aquela que era a estrela e a voz dos seus projetos profissionais mais íntimos.

E com essa sensação de dever cumprido, decidiu pegar outro caminho e como todo guerreiro celou seu cavalo, recolheu seus pedaços, sua espada, algumas flores e seguiu pra desbravar outros mundos, outros sonhos... ele sabia que o guerreiro só encontra paz no meio da batalha e que sua espada só deveria ser erguida novamente por causas que tivessem em sua essência honra, justiça e verdade.

Maurício Spinelli, limpando tudo a minha volta pra começar uma nova batalha!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

...

O amanhã não existe pra quem tem a oportunidade de fazer Hoje e não o faz ...
Não podemos adiar o amor, o abraço, o afago, ou corremos o risco de não tê-lo mais!
maurício spinelli.




um dia sorriremos juntos outra vez! 

quarta-feira, 30 de março de 2011

...

você saiu...bati a porta,  peito fechado.te mandei embora.

cheiro que semeia lembranças,
gosto que encalacra a alma
coração estéreo,
penso...
em teus movimentos, 
em teu sorriso.
ficou em mim, o amor,
a sensação, o ritmo,
os sonhos...

fomos um do outro,
reservadamente, finitamente.
o vento, pés na areia,
a estrada, amaralina,
a força do mar,
promessas, mãos,
não amei novamente,
não mais nesse caminho,
mudei o mundo,
verti as correntes,
e de ponta cabeça,
não sinto, apenas te sinto,
não espero, nem quero,
Infinito é o desamor.

invadido por um sentimento engavetado e resolvido. me veio você sorrindo. março 2011. maurício spinelli.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

.crescer e sentir.


quantos serão os vôos ? e quantas vezes ainda sentiremos, o coração acelerar, a saliva faltar, o chão sumir? quantas vezes ao longo da vida teremos coragem de voar como na primeira vez? abriremos os olhos maravilhados com a cor azul do céu, e ouviremos do alto da colina o bater das ondas do mar? quantas vezes? até quando o sentimento morará no cobertura do peito? até onde sentiremos esse habitar? sinto por vezes não sentir, dizem que isso é maturidade, e que o tempo serve como um prozac natural em nossos sentidos... dia desses depois de meses, um filme me surpreendeu, me peguei chorando ás 5 da manhã... tudo ficou automático, todo mundo é feliz, se ama e faz caridade, com pessoas, com bichos, com os amigos, tudo pra postar nas redes sociais, aqueles sorrisos plásticos, mais cheios de poses que de vida, viver é melhor que postar ( seria lindo ver Elis Regina rasgando as notas nesta frase.) o que falta pra sermos felizes? se crescer for não sentir, eu quero fazer outras escolhas, e quero me despir ainda mais, de minhas vaidades, de minhas rotas, de minhas mortalhas, e de minha impáfia madura de que controlo tudo a minha volta, quero que a vida venha, me bata no rosto, me derrube no chão e me obrigue a rastejar em busca dos sentidos, quero me apaixonar de novo e ficar cego de amor, quero compor e achar que tudo é perfeito pelo simples prazer do subterfúgio da eternidade, quero bolhas de todas as cores, e quero estourá-las, quero as portas e as janelas completamente abertas, quero os pássaros, todos voando, nenhum em minhas mãos, quero uma espada gigante, dessas que que pra levantar precisamos da ajuda do melhor amigo, daquele que lambe nossa ferida como o cachorro que enterramos na infância, quero pontes, quero flores, quero vento no rosto,quero gritos na estrada, quero amor e açaí em domicílio, quero não saber das coisas, e na minha escolhida ignorância seguir sorrindo e cantando, sem que ninguém poste minhas indescobertas.





maurício backer spinelli. janeiro 2011. nas ilhas.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

. doença da cura .



Retardei por anos, fugi de mim, do tempo, de tudo. Não se pode fugir pra sempre! E o preço inicial foi jogar minha vida fora, com sonhos,amor, trabalho, verdades, crenças ...tudo! Trocas, acordos, rezas, promessas, sim, eu pedi tanto, pedi com uma força que nem sabia que em mim habitava, a caminho da primeira empreitada, pedi que me tirassem daquele corpo, não queria estar nele, e mais uma vez fugi.

Era vermelho, o sangue, exatamente como o de todos, ele até parou, também como o de todos, mas algo não tinha dado certo, era hora de eu voltar de uma vez pra meu veículo nesse mundo, e dirigí-lo, mesmo que desgovernadamente, precisava estar inteiro no que se diz respeito às partes que formam um ser: alma, corpo e coração. Novos preços foram acrescentados, como uma espécie de juros ( indevidos?) era tanto a ser pago, e eu vagava por um momento que parecia não ser o meu, mas era, não tinha mas como não ser, a tempestade tinha ficado ainda mais forte, e era a hora de eu enfrentá-la de peito aberto e sozinho.

Longas noites, solidão, incertezas, vazios... eu estava vivo... e não sabia por quanto tempo, isso me fez pensar que morrer repentinamente,ao menos pra quem vai, talvez seja mais fácil... mas eu estava ali, vivo e tendo que lutar e assumir a responsabilidade do que eu tinha demais precioso em minhas mãos: minha vida. Noites e noites, hemorragias, bactérias de todos os tipos habitavam em mim, brigavam com meu corpo, queriam vencê-lo, um ano inteiro, três cirurgias, 6 meses de internamento, dores e um medo animal e por vezes desumano: a minha cura tinha adoecido,até meus ortopedistas abandonaram o barco, fiquei a deriva. 

Tentava encontrar prazer na subsequência dos dias, deixava o sol tocar minha pele e a luz cegar meus olhos, sentia o cheiro das coisas todas, abraçava mais forte, comia tudo que eu sentia vontade ( e obviamente liberado pelos médicos) transformei minha cama num dancing e muitas vezes dançava no meio das estrelas, pedi um colchonete e coloquei ao meu lado pra que Deus pudesse sempre dormir ali, juntinho. Músicas, livros, blogs, familia, amigos, uma nova familia nos hospitais que morei, passeios em cadeiras sobre rodas, romances relâmpagos e até por 45 dias residi numa bolha azul: nem tudo foi tristeza, e no meio da tempestade, descobri o quanto sou feliz.

Junto com os resultados diários dos exames fiz pedidos, fazia pesquisas de horas e horas com o Dr. Google, minha cabeça ficava ainda mais confusa. Ali completei 33 anos, travando uma via crucis, assim como cristo. Ali também na bolha, que ainda nem tinha cor, me despedi de minha avó (Maria Spinelli), no meio da tempestade foi necessário que ela deixasse essa vida: perdi e ganhei coisas que jamais podereiesquecer, eu estava vivo.

A dor em mim fez morada, a poesia explodia dos meus dedos, uma certa frieza com relação ao mundo aqui fora, como se eu não mais fizesse parte dele. O amor, a solidariedade, os banhos, as leituras, os filmes e cada momento vivido ali dentro com os amigos-irmãos tornara-se inesquecível. A luz acendeu e apagou inúmeras vezes, e num desses crepúsculos, João Marcello ( meu sobrinho-afilhado) resolveu vir ao mundo, e enquanto ele não chegava, esse se tornou meu maior pedido: poder vê-lo. Eu o vi, e hoje ele é minha maior alegria, depois de acordar todos os dias de manhã.

Minha cura ainda está doente, e esta doença me trouxe um ser humano novo e capaz de coisas extraordinárias, muita coisa em mim morreu junto com as bactérias, outras, novas ainda, to aprendendo a sentir e ter como parte integrante da minha alma, tem dias que sinto, e em outros apenas sigo, me sinto livre, vivo e decidido a viver, viver tudo, cada momento, curado ou não, a pior doença mora na alma e na incapacidade de ser.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

.era.



era noite,
entre sons e batidas
enebriados,
luzes piscando,
eram tantos
sorrisos,
beijos, linguas, abraços...
o cheiro do cigarro,
era dia,
travesseiro,
consciência,
vazio,
perguntas sem respostas,
o telefone que não tocava,
nem e-mails,
sem convites...
era verdade
mesmo com muitos,
estamos sozinhos.

maurício spinelli.

domingo, 19 de setembro de 2010

covarde ou flor?




E por medo de sofrer por amor, o covarde destruiu a flor!



mauh spinelli.

.escolhas.

sim ou não?
não se pode ser dois.
amar dois?
fazer a trÊs?
dois caminhos...
tantos outros,
prismas vertidos,
não escolho,
e empurrado
despenco, no abismo
abros os braços,
e sinto,
o vento cortando meu rosto,
a alma querendo fugir,
o cavalo deslizando pelo prado,
sem renúncias,
sem mundos paralelos
do talvez, do quem sabe,
escolho,
o não escolher.

maurício backer spinelli.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

.caminho.

mergulhado, profundo,
horas subo, respiro,
caminho,
dói e apavora,
mas sigo,
vou inteiro,
partido,
repartindo,
vou pro mundo,
diferente,
restrito,
flutuo,
olho longe,
olhos minados,
e desafogado, continuo,
caminho,
nas tardes frias de julho,
sinto o vento de agosto,
e o sorriso de setembro,
sem desabafos,
sem desafagos,
sem desamores,
tento chegar,
longe,
e pra longe dos dissabores,
conduzo,
minha esfomeada alma.

mauricio backer spinelli